Faça o melhor que puder, sem atrapalhar o desenvolvimento futuro, buscando, nas atividades diárias, o equilíbrio entre os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Isto já é um bom começo da liderança sustentável.
O conceito de liderança sustentável está em cada vez mais em destaque atualmente, mas é algo que deveria ser visto desde sempre. Ao mesmo tempo em que uma mesa não se sustenta sem um dos pés, uma empresa não fica de pé sem um de seus apoios. E não é só o lucro. Falamos de funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade.
É toda uma cadeia de pessoas e processos relacionados com as suas operações, principalmente em tempos de crise, quando os lucros diminuem e o perigo de quebra pode ser iminente. E você, como líder, deve tomar as principais decisões que levarão (ou não) a sustentabilidade de sua empresa.
Segundo o professor do MIT Peter Senge: “Em um momento de crise, todo mundo fica esperando que alguém faça alguma coisa e, em geral, chamamos isso de liderança”. E quem vai se diferenciar é quem pensar na frente e liderar para o futuro.
Os períodos de crise são extremamente úteis para esta discussão, pois neste momento vem à tona os valores mais profundos de uma organização e o caminho para as decisões fica mais claro. Desse modo, enquanto a maioria das empresas amarga a retração, muitas, por outro lado, vão melhorar significativamente sua participação de mercado. E é aí que o líder sustentável tem total importância.
Segundo o professor e headhunter Luiz Carlos Cabrera, o melhor conceito de desenvolvimento sustentável foi criado por Gro Harlem Bruntland, ex-ministra da Noruega, em 1987: “Desenvolvimento sustentável é suprir as necessidades da geração presente sem afetar as habilidades das gerações futuras de suprir as suas”.
É bem essa a ideia mesmo. Não precisamos salvar o mundo ou partir para teorias mirabolantes que coloquem tudo em ordem em um passe de mágica. O fundamental é fazermos o melhor que pudermos, sem atrapalhar o desenvolvimento futuro, buscando, nas atividades diárias, o equilíbrio entre os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais.
Prover o melhor agora para as pessoas, o planeta e o meio ambiente, para que as próximas gerações possam fazer o mesmo.
Ter uma liderança sustentável é pensar de várias maneiras com várias finalidades, mas com o foco em tornar o negócio sustentável de uma forma que ele não dependa mais ou menos de um dos “pés da mesa”. A igualdade entre os pilares que a sustenta deve ser equilibrada e focada nos resultados, sem medo de tomar atitudes. Como bem lembrou Peter Senge: “Em estado de medo, nós concentramos nossa atenção automaticamente e, ao fazê-lo, a nossa consciência periférica, assim como nossa visão periférica, desaparece, e entramos num baixo estado de consciência. É a maneira de nos focarmos na ameaça.”
Na opinião de Senge, muitas empresas estão aterrorizadas e, assim, estão reagindo sem pensar – ou não estão pensando mais perifericamente.
Por isso, este é o momento de agir com consciência e pensando nos pilares que o levantam. Tenha foco nos seus resultados, mas não deixe de pensar em ações socialmente corretas, tanto com o meio ambiente afetado pelos seus negócios quanto com as pessoas ao seu redor.
Pegue os valores de sua empresa (e também os seus) e pratique ações culturalmente aceitas, zelando assim pelas coisas em que você acredita e sendo ético e sincero com a sociedade. Pense no impacto que você causa e discuta com fornecedores, acionistas e a comunidade que o cerca.
Faça com que as pessoas que trabalham ao seu lado tenham um ciclo de vida profissional que seja interessante tanto para ela quanto para a empresa. E entenda que algumas coisas decididas não vão ter resultados imediatos, muitas coisas são trabalhos de longo prazo.
Mas como lembramos lá no começo: isto não é apenas sobre números. É a busca de um equilíbrio ideal entre o que você tem como objetivos e o que esperam de você. Afinal de contas, a mesa precisa ficar de pé.