Esqueça a inteligência racional, a emocional, a social. A pessoa que desenvolver cinco mentalidades – disciplinada, sintetizadora, criadora, respeitosa, ética – é que estará bem preparada para esta nova era.
Depois de descrever durante décadas as operações mentais típicas, Howard Gardner aborda em “Cinco Mentes para o Futuro” uma questão diferente, embora relacionada: que mentalidades precisamos cultivar para prosperar nos tempos que nos aguardam.
Seu trabalho não é meramente descritivo das operações mentais requeridas, e sim propõe uma empresa baseada em valores, já que as mentes às quais se refere são as que os indivíduos deveriam desenvolver no futuro. Em um mundo interconectado, explica, já não se consegue fazer uma descrição do que cada indivíduo ou grupo necessita para sobreviver em seu próprio campo.
Em longo prazo, não será possível que somente alguns prosperem, enquanto os demais se mantêm imersos em uma probreza desesperadora e na mais profunda frustração. “Devemos nos manter juntos, senão o mais provável é que nos enforcarão um por um”, diz, citando Benjamin Franklin.
O que Gardner afirma é que o mundo do futuro, com suas ferramentas onipresentes de busca, seus robôs e demais dispositivos de informática, exigiria capacidades que, até agora, têm sido mera opções. Portanto, é imprescindível começar a cultivá-las desde já.
A análise que faz se baseia em sua formação como psicólogo especializado em ciência cognitiva e neurociência. Recorre permanentemente ao que se sabe, de uma perspectiva científica, sobre o funcionamento da mente e do cérebro humanos, assim com às áreas de história e antropologia. A partir desse enfoque interdisciplinar, reflete e especula sobre o rumo de nossa sociedade e nosso planeta e tece considerações políticas, econômicas e morais, no âmbito da empresa de valores que propõe.
Os Cinco Elementos
Cada uma das mentes que Gardner aborda no livro foi importante historicamente, e ele garante que serão ainda mais no futuro. A pessoa que contar com elas, acredita, estará bem preparada para lidar com o que já se espera e também com o que não pode ser previsto. Sem essas mentes, os indivíduos estarão sujeitos as forças que não poderão compreender. O objetivo do autor, é então, explicar como funciona cada uma delas, para que as jovens gerações possam cultivá-las com o olhar no futuro.
Disciplina
A mente do futuro tem de ser disciplinada em dois sentidos, afirma. Primeiro, ela precisa dominar as principais formas de pensar que o ser humano criou: a ciência, a matemática e a tecnologia. Depois, deve também o pensamento histórico, artístico e filosófico. Depois, deve procurar se manter em formação ao longo da vida, de maneira regular e sistemática. Muitos pesquisadores confirmam que são necessários dez anos para dominar uma disciplina. A mente disciplinada sabe, ainda, como trabalhar de modo constante ao longo do tempo para melhorar a habilidade e a compreensão. Sem dispor de ao menos uma disciplina em sua formação, o indivíduo está destinado a caminhar no ritmo de outros.