Quando a jornalista americana Sarah Weld percebeu que perderia o emprego como editora de uma revista mensal da Califórnia por causa de um corte geral de funcionários, o que mais a assustou foi a ideia de que, ao sair dali, teria que começar a se dedicar ao chamado networking para se manter na carreira.
Weld não está sozinha em seu horror à atividade de expandir sua rede de contatos, algo muito comum no mundo corporativo e considerado essencial no competitivo mercado de trabalho de hoje.
“Quando você conhece alguém pessoalmente, tem muito mais chances de receber uma oferta de emprego ou ser chamado para uma entrevista do que se for apenas mais um dentre centenas de currículos”, explica Dan Schawbel, criador do site de empregos australiano InterviewIQ e autor do livro Promote Yourself and Me 2.0.
Sua sócia, Karalyn Brown, lembra que um dos motivos que afastam as pessoas do networking é o fato de muita gente ainda associar a atividade com estar desesperado em busca de um trabalho ou tentando se vender demais, o que não é verdade. Ela lembra também que outras pessoas têm uma personalidade menos sociável, enquanto muitas simplesmente não sabem como fazer networking. Então, como começar?
Aprenda os primeiros passos:
“Comece sendo sociável em seu círculo imediato de contatos e, de preferência, envolva-se mais em atividades comunitárias, em seu bairro ou na escola de seus filhos”, sugere Brown.
Outra maneira fácil de começar é fazer trabalhos voluntários, especialmente se você está pensando em mudar de carreira. “Trata-se de uma ótima maneira de demonstrar quem você é e quais são os seus valores, sem ter que dizer nada”, diz a especialista. “Muitas pessoas bem relacionadas também fazem trabalho voluntário e podem ajudá-lo a encontrar um emprego se, depois de uma certa convivência, você mencionar que está à procura de novas oportunidades”.
Se você não tem planos de mudar de setor, pode tirar vantagem de outras pessoas que já conhece na área: antigos chefes ou colegas de trabalho, por exemplo. Eles podem ser grandes fontes para saber que empresas estão contratando e até para colocá-lo em contato com os profissionais responsáveis pela seleção de candidatos.
Quem está no início da carreira deve aproveitar para reencontrar antigos colegas de faculdade. “Os networkers mais espertos sabem que têm que começar pela rede de conhecidos que eles já possuem”, diz Schawbel.
Outra maneira de entrar no mundo do networking é se inscrever para eventos profissionais relacionados à sua área. “Assim você pode puxar conversa sobre o tema do evento, em vez de simplesmente se apresentar e dizer o que faz”, afirma Brown.
Comportamento adquirido:
“Muita gente comete o erro de acreditar que são ‘networkers natos'”, aponta Ashley Ringger, diretora da consultoria Set Sails Social Media, na Suíça. “No entanto, fazer networking é algo que precisa ser aprendido”.
Rinnger recomenda que você estabeleça um objetivo simples, como por exemplo, só ir embora de um evento quando tiver conhecido pelo menos três pessoas novas e ter trocado cartões de visitas com elas.
Mas não pare por aí. “Ao chegar em casa, busque os nomes dessas pessoas em plataformas como o LinkedIn, e se conecte com elas. Se possível, acrescente uma mensagem pessoal mencionando onde e quando se conheceram, agradeça as informações que elas lhe deram e manifeste seu interesse em se manter conectado. Se essas pessoas tiverem seu próprio negócio, siga essas empresas nas mídias sociais”, sugere Rinnger.
Corpo a corpo eficiente:
“É comum pensarmos em grandes festas e eventos quando falamos em networking. Mas trata-se de algo muito maior do que grandes acontecimentos sociais. Networking é construir relacionamentos”, explica David Van Rooy, diretor-sênior de Desenvolvimento de Liderança Global da rede Walmart nos Estados Unidos e autor de livros de autoajuda profissional.
Ele enfatiza a importância do networking individual. “Pense que se trata de uma conversa informal com outra pessoa. Isso tira um pouco do estresse e da ansiedade associados com os contatos profissionais”, afirma.
Caso você conheça alguém que tenha uma posição interessante e tenha interesse em se fazer conhecer melhor, o Van Rooy sugere marcar um encontro informal, como um almoço ou um café.
Procure assuntos em comum, como o interesse por um esporte, o fato de terem filhos ou um destino de férias que ambos conheçam. “Os relacionamentos que você forma fazendo networking individual também abre muitas portas”, diz o executivo.
Não se esqueça dos amigos:
Não cometa o erro de achar que você só precisa fazer networking com estranhos. A jornalista americana Weld decidiu marcar um café com amigos semanalmente, e se prometeu sair de cada encontro com pelo menos dois novos nomes com quem entrar em contato.
Mesmo tendo encontrado seu atual emprego como consultora de marketing em um anúncio, ela ainda acredita que o networking é uma ferramenta poderosa.
“Quando consegui a entrevista, estava muito bem treinada em me apresentar da melhor maneira possível”, conta. “Não foi um processo que eu curti, mas respirava fundo e encarava cada encontro porque sabia que era essencial”.